18 de jul. de 2013

CINEMA: Um tributo ao grande e inesquecível comediante Harold Lloyd


Essa, com certeza, vai fazer muita gente torcer o nariz ou simplesmente ignorar a postagem: resolvi fazer uma pequena homenagem ao grande ator de comédia Harold Lloyd, que, na década de 20, foi um dos astros mais populares de Hollywood, sendo inclusive um dos 30 e poucos fundadores da Academia que outorga o Oscar. Muita gente tem um preconceito danado com as películas mudas, achando que são chatas e arrastadas. Ora, tem muita coisa feita hoje em dia que me dá essa mesma impressão (achei a 2ª metade de Os Miseráveis a coisa mais entediante dos últimos tempos). Quem diz algo assim, porém, não deve ter tido a experiência de conferir algumas das mais consagradas comédias do período mudo, no qual se destacam até hoje Charles Chaplin e Buster Keaton.

Se Chaplin e Keaton permanecem dois nomes pra lá de consagrados, mesmo pra quem sequer sabe citar o nome de um de seus filmes, Harold Lloyd infelizmente caiu na obscuridade e só é lembrado pelos cinéfilos mais "doentes", que é o meu caso (rs). Nunca escondi de ninguém minha obsessão pelos clássicos, em especial os americanos pré-anos 60. É quase um vício, não gosto de ficar muito tempo sem ver ou rever um filme em P&B, com aqueles astros e estrelas com ar divino, como se jamais tivessem existido fora das telas - hehe

Recentemente, fiz uma espécie de "festival Harold Lloyd" em casa, assistindo a cerca de 10 filmes dele — os mais importantes —, de O Homem Mosca (foto que abre o post) a Cinemaníaco (o único falado da safra, de 1932, mas não menos engraçado). Foi uma sucessão de risadas, acontecimento raro quando assisto às comédias modernas. E é impressionante como as tramas, frequentemente debochando do ritmo de vida urbano, o consumismo frenético, o trânsito caótico, o transporte público lotado, a desigualdade social, etc., permanecem tão atuais. E olha que esses filmes têm entre 80 e 90 anos!


Lloyd combinava bem aquela densidade psicológica de Chaplin, além de ter sido um verdadeiro acrobata em cena, como Keaton. Era uma mistura bem-sucedida: atrapalhado nos gestos, aliado a um look dândi, ou "mauricinho", com roupas ajustadas, chapéu panamá e, claro, os óculos arredondados (sua marca-registrada), pode-se dizer que foi um protótipo de Clark Kent. E Lloyd, mais tarde, serviria de inspiração para grandes humoristas, como Steve Martin e Woody Allen, que até tomou emprestados os óculos de aro grosso, deixando clara e notória sua profunda admiração.

Entre seus melhores trabalhos destaco O Calouro, no qual ele tenta ganhar popularidade na universidade como jogador de futebol, embora seja péssimo no esporte, e Sogra Fantasma (foto abaixo, com os cabelos arrepiados), no qual, por meio de uma série de confusões, ele acredita ter assassinado a insuportável sogra com uma alta dose de clorofórmio, mas ela não morre e, sonâmbula, aparece no meio da noite com sua enorme camisola branca, fazendo-o acreditar que é uma assombração. Hilário!
 

Na vida real, Lloyd era também um bom-moço, muito religioso e benevolente, ficou casado com a mesma mulher ao longo da vida, uma atriz com quem dividiu a cena em alguns de seus filmes. Teve três filhos: o mais velho carregava seu nome, Harold Lloyd Jr., e também arriscou uma carreira no cinema, contudo sem o menor êxito. Este primogênito era assumidamente gay, e, numa circunstância bastante incomum pra época, seu pai o aceitava muito bem, havia uma boa relação entre eles.

Antes de sucumbir ao câncer de próstata, aos 77 anos, Lloyd pôde testemunhar um revival de sua obra em diversos festivais mundo afora, chegou a ganhar um Oscar honorário por sua enorme contribuição ao gênero cômico e seus filmes voltaram a ser exibidos na tevê, com grande audiência nos Estados Unidos.

Poucos meses depois que o pai morreu, Lloyd Jr. também adoeceu gravemente e faleceu, alguns dizem de tristeza por ter perdido não apenas um pai, mas um amigo com quem podia desabafar (aparentemente, ele sofria de depressão). Pela primeira vez, com sua partida, o homem que tanto nos fez gargalhar causou tristeza em alguém.

Se você é daqueles que adora bisbilhotar filmes antigos e quer saber mais sobre esse período tão rico que foi o do cinema mudo, pode confiar: essas comédias de Harold Lloyd (ou Haroldo, como ficou conhecido no Brasil nos anos 20) são excelentes passatempos, cheios de reviravoltas e gags inteligentes, fundo sempre romântico, deixando aquela sensação gostosa no espectador. E nada de juízo antecipado, os clássicos podem, sim, ser entretenimento de primeira categoria.
Fica a dica!

Para baixar:
Como a filmografia de Harold Lloyd já, praticamente, caiu em domínio público (isso acontece com toda obra cultural com mais de 80 anos), uma alternativa pra quem não é muito ligado a coleções de DVDs e prefere fazer o download dos filmes, segue o link de um torrent com mais de 10 discos em formato mkv (é só clicar aqui). São mais de 80 títulos, entre os quais longas e curtas-metragens, extras raros e documentários, tudo com legendas em vários idiomas, inclusive português.

Nenhum comentário:

Postar um comentário