O assunto é meio batido, mas muito atual. Quem reside ou trabalha em São Paulo deve estar careca de ouvir as expressões “Que absurdo de preço!” ou “Que caro!”, entre outras frases similares. De fato, é impossível ficar indiferente aos preços inflacionados da capital paulista. Tanto que a página do Boicota SP no Facebook vem ganhando centenas de novos adeptos a cada dia desde que foi criada poucas semanas atrás (se você ainda não viu, clique aqui e conheça).
Falo isso porque, na semana passada, passei um fim de semana lá. Como moro a cerca de uma hora de Sampa (de carro), de vez em quando bate aquela vontade de passear no maior núcleo de cultura e moda do país. Foi a primeira visita este ano a minha terra-natal (sim, nasci lá) e levei um baita susto com o aumento no preço das coisas.
Não vou citar nomes, porém, para se ter uma ideia, fui a um bar no ano passado na Haddock Lobo e virei fã de um drinque exclusivo da casa que custava 18 reais. Acabei retornando ao lugar na semana passada para tomar o tal drinque, hoje, entretanto, o mesmo custa 26 reais (8 dilmas de acréscimo em menos de um ano?!).
Num outro estabelecimento onde já estivera, mais uma constatação desagradável: o bolinho de carne seca com abóbora — um dos carros-chefe do lugar —, que antes custava um valor X, quase dobrou de preço. O ruim é que o tamanho do bolinho também sofreu alteração no tamanho, contudo inversamente proporcional: agora ele está menor...
Também estive pela 1ª vez no famigerado shopping de luxo JK Iguatemi, onde os paulistanos admiram vitrines de marcas mundialmente cobiçadas, como Prada, Chanel, Burberry, Louboutin, etc. Bom, neste caso eu não me surpreendi pois já esperava preços exorbitantes, afinal são roupas e acessórios para a Classe A+. O desagradável foi na hora de almoçar na praça de alimentação de lá, num restaurante self service, desses por quilo: um prato quase vazio de comida saindo por aproximadamente 30 reais (refrigerante incluído). Se ao menos fosse um restaurante de culinária sofisticada, com variedades internacionais, mas não, era tudo muito simples, o básico arroz, feijão, batata-frita, linguiça, frango...
Os amigos que estiveram comigo eram unânimes: tudo está absurdamente caro. Dias depois, na tevê, uma reportagem na Globo News exibia a mesma opinião de outras pessoas: bares e casas noturnas lotadas, todo mundo declarando estar chocado com o valor das contas. Um homem chegou a brincar dizendo que todo mundo ali devia estar em ótima situação financeira... Mas qual seria a solução, então? Não adianta curtir páginas como Boicota SP, reclamar que está tudo caro e continuar consumindo desse jeito.
Não é novidade pra ninguém que nos Estados Unidos e Europa, os brasileiros fazem a folia nas lojas, afinal tudo parece ser mais em conta (e agora que quase tudo pode ser adquirido pela internet por um valor mais justo então...). Culpar os impostos aqui é fácil, só que não é somente isso que encarece tanto: os estabelecimentos querem lucrar, nada mais justo, mas existe a ganância sem limites dos comerciantes que “enfiam a faca” numa população quase nada politizada.
Preste atenção nisso! A grande diferença dos brasileiros e dos europeus na hora de fazer as compras ou se divertir é justamente o ato de boicotar. Se um francês ou alemão tem por hábito comprar determinado produto num supermercado, por exemplo, e este sofre um aumento gritante de preço de uma semana a outra, pode ter certeza de que ele não irá colocar no carrinho, como o brasileiro costumaria fazer, ainda que reclamando. A consequência é inevitável: a fim de não perder o produto, o supermercado se vê compelido a diminuir o preço.
Considere outra situação: um estabelecimento põe determinado preço num drinque ou petisco; engana-se quem pensa que o americano médio irá voltar a consumi-lo caso ele considere injusta a importância cobrada. Até mesmo os ricos desejam poupar suas fortunas (talvez apenas os chamados “novos ricos” valorizem essa coisa de gastar desenfreadamente para se destacar do restante da população).
O que se deve ter em mente é que, se todos os paulistanos deixassem de comprar certos artigos ou sair à noite por um tempo, os estabelecimentos seriam obrigados a repensar, a fazer promoções, reduções temporárias ou definitivas de valores, etc. Mesmo coisas básicas, como peças de roupa em fast fashions, exceto em liquidações, não valem o quanto estão sendo cobradas! Enquanto as tarifas continuarem abusivas num lugar onde haja muita procura, nada será feito, pode ter certeza. Muitas vezes é necessário tomar medidas drásticas para dar valor ao dinheiro obtido com muito esforço. Fica o lema na hora de comprar: preciso mesmo disto ou posso ficar sem?
Fotos: montagens feita a partir de imagens do Google















































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