Essa, com certeza, vai fazer muita gente torcer o nariz ou simplesmente ignorar a postagem: resolvi fazer uma pequena homenagem ao grande ator de comédia Harold Lloyd, que, na década de 20, foi um dos astros mais populares de Hollywood, sendo inclusive um dos 30 e poucos fundadores da Academia que outorga o Oscar. Muita gente tem um preconceito danado com as películas mudas, achando que são chatas e arrastadas. Ora, tem muita coisa feita hoje em dia que me dá essa mesma impressão (achei a 2ª metade de Os Miseráveis a coisa mais entediante dos últimos tempos). Quem diz algo assim, porém, não deve ter tido a experiência de conferir algumas das mais consagradas comédias do período mudo, no qual se destacam até hoje Charles Chaplin e Buster Keaton.
Se Chaplin e Keaton permanecem dois nomes pra lá de consagrados, mesmo pra quem sequer sabe citar o nome de um de seus filmes, Harold Lloyd infelizmente caiu na obscuridade e só é lembrado pelos cinéfilos mais "doentes", que é o meu caso (rs). Nunca escondi de ninguém minha obsessão pelos clássicos, em especial os americanos pré-anos 60. É quase um vício, não gosto de ficar muito tempo sem ver ou rever um filme em P&B, com aqueles astros e estrelas com ar divino, como se jamais tivessem existido fora das telas - hehe
Recentemente, fiz uma espécie de "festival Harold Lloyd" em casa, assistindo a cerca de 10 filmes dele — os mais importantes —, de O Homem Mosca (foto que abre o post) a Cinemaníaco (o único falado da safra, de 1932, mas não menos engraçado). Foi uma sucessão de risadas, acontecimento raro quando assisto às comédias modernas. E é impressionante como as tramas, frequentemente debochando do ritmo de vida urbano, o consumismo frenético, o trânsito caótico, o transporte público lotado, a desigualdade social, etc., permanecem tão atuais. E olha que esses filmes têm entre 80 e 90 anos!
Lloyd combinava bem aquela densidade psicológica de Chaplin, além de ter sido um verdadeiro acrobata em cena, como Keaton. Era uma mistura bem-sucedida: atrapalhado nos gestos, aliado a um look dândi, ou "mauricinho", com roupas ajustadas, chapéu panamá e, claro, os óculos arredondados (sua marca-registrada), pode-se dizer que foi um protótipo de Clark Kent. E Lloyd, mais tarde, serviria de inspiração para grandes humoristas, como Steve Martin e Woody Allen, que até tomou emprestados os óculos de aro grosso, deixando clara e notória sua profunda admiração.
Entre seus melhores trabalhos destaco O Calouro, no qual ele tenta ganhar popularidade na universidade como jogador de futebol, embora seja péssimo no esporte, e Sogra Fantasma (foto abaixo, com os cabelos arrepiados), no qual, por meio de uma série de confusões, ele acredita ter assassinado a insuportável sogra com uma alta dose de clorofórmio, mas ela não morre e, sonâmbula, aparece no meio da noite com sua enorme camisola branca, fazendo-o acreditar que é uma assombração. Hilário!
Entre seus melhores trabalhos destaco O Calouro, no qual ele tenta ganhar popularidade na universidade como jogador de futebol, embora seja péssimo no esporte, e Sogra Fantasma (foto abaixo, com os cabelos arrepiados), no qual, por meio de uma série de confusões, ele acredita ter assassinado a insuportável sogra com uma alta dose de clorofórmio, mas ela não morre e, sonâmbula, aparece no meio da noite com sua enorme camisola branca, fazendo-o acreditar que é uma assombração. Hilário!
Antes de sucumbir ao câncer de próstata, aos 77 anos, Lloyd pôde testemunhar um revival de sua obra em diversos festivais mundo afora, chegou a ganhar um Oscar honorário por sua enorme contribuição ao gênero cômico e seus filmes voltaram a ser exibidos na tevê, com grande audiência nos Estados Unidos.
Poucos meses depois que o pai morreu, Lloyd Jr. também adoeceu gravemente e faleceu, alguns dizem de tristeza por ter perdido não apenas um pai, mas um amigo com quem podia desabafar (aparentemente, ele sofria de depressão). Pela primeira vez, com sua partida, o homem que tanto nos fez gargalhar causou tristeza em alguém.
Se você é daqueles que adora bisbilhotar filmes antigos e quer saber mais sobre esse período tão rico que foi o do cinema mudo, pode confiar: essas comédias de Harold Lloyd (ou Haroldo, como ficou conhecido no Brasil nos anos 20) são excelentes passatempos, cheios de reviravoltas e gags inteligentes, fundo sempre romântico, deixando aquela sensação gostosa no espectador. E nada de juízo antecipado, os clássicos podem, sim, ser entretenimento de primeira categoria.
Fica a dica!
Para baixar:
Como a filmografia de Harold Lloyd já, praticamente, caiu em domínio público (isso acontece com toda obra cultural com mais de 80 anos), uma alternativa pra quem não é muito ligado a coleções de DVDs e prefere fazer o download dos filmes, segue o link de um torrent com mais de 10 discos em formato mkv (é só clicar aqui). São mais de 80 títulos, entre os quais longas e curtas-metragens, extras raros e documentários, tudo com legendas em vários idiomas, inclusive português.