24 de jan. de 2014

OPINIÃO: Magreza excessiva nos desfiles europeus traz o fantasma da anorexia para o universo masculino


Recentemente li um artigo muito interessante no site da Julia Petit (só que naquele destinado ao público masculino, o Petiscos Pra Macho, sabe?), questionando a magreza exagerada dos modelos masculinos em alguns desfiles das recentes temporadas de moda europeia. O atual criador artístico da Saint Laurent, Hedi Slimane, é um exemplo de “incentivador” desse emagrecimento em demasia dos rapazes: seus modelos praticamente vão definhando a cada desfile, é assustador!

As mulheres dizem que não gostam de homens muito magros. Os próprios homens, os “machos pra valer” (rs), afirmam que não se identificam com esse tipo esguio, com cara de fome, rosto chupado e palidez anêmica.

No artigo mencionado, o ex-modelo Tiago Gass reconhece que os homens, de modo geral, não curtem roupas feitas para os esqueléticos. “Na minha opinião", declarou ele no texto, "homem quer ser saudável. É o instinto do macho-alfa mesmo. Isso aí (...) é uma estética de moda mais direcionada para o mercado gay e que está vendendo para o mesmo target”.

Para mim, o estilo “magricela”, de fato, passou a ser muito cultuado, venerado e até mesmo invejado no meio gay, embora hoje muitos rapazes, sejam eles héteros ou não, estejam bem mais preocupados em exibir um corpo sarado e forte do que um muito magro, com as costelas marcadas e os braços que nem varetas. De qualquer maneira, assim como a anorexia andou afligindo muitas mulheres a partir dos anos 90, quando a “ditadura da magreza” passou a ser sinônimo de belo, hoje muitos homens estão passando por isso.


Eu mesmo já quis ser magérrimo, já fiz mil dietas, cheguei a ter 10 quilos a menos do que o meu peso atual (“saudável”, segundo me dizem — 74, 75kg para 1,78m de altura), mas chega um momento em que essa questão de “quanto mais magro melhor” se torna um inconveniente, sobretudo quando se tem prazer em comer bem. O importante é a pessoa não extrapolar, ficar obesa, destruindo a própria saúde. Mas me diga: pra que ficar sempre se privando de tudo a fim de obter um corpo ossudo e sem um grama de gordura? Apenas para vestir uma roupa bem ajustada e se parecer com os modelos que vimos nos desfiles recentes?

Claro que não é agradável ir a uma loja e ter de experimentar todos os tamanhos porque tudo lhe parece minúsculo, quando uma camiseta G, no seu corpo, fica parecendo roupa de criança de tão apertada. Mas já notaram que os tamanhos andaram encolhendo? Parece, inclusive, não haver um padrão por aqui. Na Zara, eu só consigo colocar roupas L (ou G); na Renner ou Riachuelo, o M fica bom. E quando comprei um cardigã na Cavalera, no ano passado, eu estava com uns 4 quilinhos a mais e o tamanho P de lá me serviu otimamente bem! Loucura isso!

Mas aí já estou mudando o rumo da conversa. O importante é frisar que “magreza em excesso”, quando não é do seu próprio tipo físico — isto é, quando não é o seu natural (afinal, tem gente que é "magra de ruim" - rs) —, e sim, uma autoimposição para acompanhar o mundo fashion, parece não estar com nada. Claro que é apenas uma questão de opinião...

Você se identifica com essa ditadura do "quanto mais magro melhor"? Eu não. Sentir-se bem com o próprio corpo é um desafio e tanto em tempos de fast food e, na contramão, imagens de desfiles com rapazes cada vez mais fininhos e roupas cada vez mais justas nas lojas. Mas não custa nada tentar, embora haja dias em que me vejo no espelho e penso: "não seria nada mau perder uns 4, 5 quilos".

Fotos: reprodução / desfile da Saint Laurent na Paris Fashion Week (jan. 2014)

6 comentários:

  1. Eu sou magro por genética, mas odeio ser tão magro rsrsrsrs, mas não consigo engordar muito não. Nem acho que os homens muito magros sejam bonitos. Para mim, o conceito de homem, é grande, desenvolvo, e acima de tudo entroncado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já tentei ser magro, mas como vi que não ia conseguir desisti rsrs
      Mas, claro, hoje penso que o aspecto "saudável", melhor dizendo, normal (sem ser supermagro, nem gordo) acaba sendo o mais aceito de forma geral entre os homens. O que vale é se aceitar como é mesmo, contanto que a saúde esteja em dia.
      ;)
      Obrigado pelo comentário, querido, uma boa semana!

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Raul, eu tinha lido seu comentário antes de vc excluir e devo dizer que já fiz aquilo - kkkkk
      Boa semana, querido.

      Excluir
  3. Infelizmente é fato (pesquisas em psicologia) que alguns rapazes, na maioria gays, sofrem de distúrbios alimentares como anorexia ou bulimia devido à uma estética distorcida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu já tinha visto um programa sobre isso na tevê uma vez, é preocupante, não? Acho que o termo empregado nem é anorexia, parece q é manorexia ou algo assim, não? Distúrbios alimentares p/ se encaixar num padrão é mesmo algo terrível. Eu vivo fazendo dieta, querendo emagrecer, mas não chego a esse ponto, não. Se fosse assim estaria que nem os modelos da Saint Laurent - rsrs
      Obrigado pelo comentário, Augusto, e ótima semana pra vc!
      ;)

      Excluir